Nos últimos dias o aplicativo de streaming Prime Vídeo, lançou mais um filme intitulado “A menina que matou os pais – a confissão” contando o desfecho final do caso Von Richthofen. Lembrando que em 2021, foram lançados outros dois filmes com base nos autos do processo, onde foram apresentadas duas versões da mesma história, uma contada por Suzane e a outra por Daniel. O caso Von Richthofen é um famoso homicídio que ocorreu no Brasil em 2002, o crime envolveu Suzane Von Richthofen, seu namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian Cravinhos.
Em Outubro de 2002, enquanto seus pais dormiam, Suzane permitiu que os irmãos Cravinhos invadissem a casa, executando o casal a sangue frio. Após o assassinato, os três criminosos tentaram forjar um cenário de latrocínio, mas as investigações logo revelaram a verdade. O caso Von Richthofen chamou a atenção da mídia brasileira e se tornou um dos casos criminais mais notórios do país, devido à combinação de crimes violentos e a origem privilegiada da família.
Primeiramente, cumpre esclarecer que o objetivo desse artigo não é apresentar questionamentos processuais do caso, uma vez que Suzane, Daniel e Cristian foram presos, julgados e condenados pelos assassinatos. Entretanto, será feita uma breve análise dos três personagens dessa história macabra e de como a persuasão e a comunicação exerceu grande influência para a criação do “caos perfeito” que concretizou o triste desfecho para as duas famílias envolvidas.
Falando sobre Cristian, que é irmão de Daniel, percebe-se que o mesmo foi influenciado pela dupla criminosa, ou até mesmo seduzido pela possibilidade de dinheiro fácil que estava a disposição. Depois de grande insistência de Daniel, Cristian decide participar da ação. Nesse momento podemos abrir um parêntese, até que ponto devemos ir para ajudar um irmão? Caso Cristian decidisse não participar do crime, o casal teria conseguido executar o intento criminoso? Na verdade, nada disso importa, ele decidiu ajudar o irmão e acabou cometendo um crime. O detalhe curioso foi que graças a ele, a polícia descobriu que a família tinha participação no crime, isso porque dias depois do homicídio, Cristian comprou uma moto 0 km, à vista, e efetuou o pagamento em dólar, motivação que levou a polícia a mudar o rumo da investigação para os irmãos Cravinhos.
Sobre Daniel, observa-se que ele utilizou a sua habilidade de comunicação e persuasão, fazendo com que uma menina com estilo de vida e classe social completamente oposta, se interessasse por ele, a ponto de iniciarem um relacionamento amoroso. Independente de quem influenciou quem no namoro, precisamos destacar que Daniel, valendo-se de seu vínculo sanguíneo, também influenciou seu irmão a praticar um crime e isso demostra frieza e egoísmo. Ou será que podemos falar que ele estava cegamente apaixonado por Suzane, motivação que o levou a cometer o crime? Seguindo adiante, outro ponto de destaque foi a influência dele sobre o irmão mais novo de Suzane. Andreas, considerava Daniel como um irmão mais velho, a ponto de fazer com que ele omitisse coisas de seus pais para ajudar o casal. Porém, Daniel afirma que a história não foi essa, e que na verdade ele foi vítima da influência de Suzane e de seus planos diabólicos. E que seu maior erro foi se apaixonar pela pessoa errada!
Por fim, como uma jovem de 18 anos conseguiu influenciar dois rapazes a matarem seus pais? Teria essa mulher tamanha influência e persuasão para isso? Ou talvez ela também tenha sido vítima desse plano maquiavélico orquestrado pelos irmãos Cravinhos? Em sua defesa, Suzane Von Richthofen afirma que foi usada pelos irmãos e que na verdade eles estavam interessados em seu dinheiro, ela era a menina apaixonada que foi iludida por Daniel que praticamente a obrigou a praticar o crime.
Porém, essa mesma jovem aparentemente ingênua foi capaz de influenciar toda a sua família, embora seus pais não aprovassem o relacionamento, ela conseguiu mantê-lo as escondidas por mais de 02 anos, inclusive com o conhecimento de seu irmão mais novo que a acobertava. Durante as investigações do homicídio, ela inventou várias estórias mirabolantes para tentar confundir a delegada designada para o caso, levando os investigadores a pensarem que o crime foi praticado por outras pessoas da casa. Durante o velório a sua atuação foi magistral, ela chorou e comoveu todo o Brasil que acompanhou de perto o sofrimento da família Von Richthofen. E mesmo depois de confessar o crime e ser condenada, existem relatos de que Suzane conseguiu influenciar e convencer a diretora e o promotor responsáveis pelo presídio onde estava presa, para que estes, facilitassem a sua transferência para outro estabelecimento prisional. Então tire suas próprias conclusões, seria ela capaz de exercer tamanha influência?
Em resumo, a influência é uma faca de dois gumes; pode ser positiva ou negativa, devemos escolher sabiamente. Por coincidência do destino, ou não, tanto Suzane como Daniel, iniciaram o curso de Direito, faculdade conhecida por valorizar as habilidades de oratória, comunicação e persuasão. O objetivo desse artigo não é romantizar o crime ou defender A ou B, mas sim, alertar sobre os perigos de se aproximar de pessoas altamente influentes e comunicativas. Não subestime o poder da influência. Escolha cuidadosamente quem você deixa entrar em sua vida. Diante de todas informações e opiniões conflitantes o nosso maior desafio é resistir à influência negativa das pessoas e tomar as rédeas da nossa própria vida.