Na complexa tapeçaria das relações humanas, a Espiral de Conflitos emerge como um fenômeno desafiador, influenciando dinâmicas interpessoais e sociais. Este artigo busca mergulhar nas experiências do cotidiano, oferecendo uma análise prática da Espiral de Conflitos. Ao examinar um caso real e suas possíveis resoluções, visamos compreender as complexidades subjacentes e explorar estratégias concretas para romper com esse ciclo desafiador.
Você já percebeu que quando estamos envolvidos em uma disputa, a tendência é que haja uma progressiva escalada na relação problemática?
Por exemplo, se durante uma negociação, o interlocutor aumenta o tom de voz, a sua resposta, quase que automática, será aumentar ainda mais o tom. Isso gera um círculo vicioso de ação e reação de ambas as partes, sendo denominado de Espiral de Conflito, pelo fato da ação gerar uma reação negativa de forma imediata.
Essa teoria foi proposta por Anatol Rapoport, um psicólogo e matemático russo-americano na década de 1960, onde ele apresenta uma abordagem para entender como os conflitos podem se intensificar e se perpetuar. A ideia central da teoria é que as interações negativas entre as partes envolvidas em um conflito podem levar a um ciclo de escalada, no qual as ações hostis de uma parte levam a respostas hostis da outra, criando assim uma espiral de crescente conflito.
Essa teoria é frequentemente aplicada para analisar conflitos interpessoais, internacionais e organizacionais.
Veja como exemplo a situação de João, que ao sair do estacionamento com seu veículo, invade a contramão, onde Francisco conduzia sua motocicleta, o mesmo fica irritado com a situação e aciona a buzina. João, diante da ação de Francisco, reage e profere palavras de baixo calão. Francisco, ofendido, impede a passagem do veículo e desce da motocicleta, iniciando uma discussão direta com João, que também desce do veículo e agride Francisco.
Perceberam a espiral negativa progressiva provocada pela ação-reação dos indivíduos?
Cada reação tornou-se mais severa do que a ação que a procedeu, dando uma dimensão desproporcional ao conflito inicial. As causas que originaram o conflito tornam-se secundárias, uma vez que o foco do conflito passa a ser a reação. Quando se está em meio a um problema onde as partes se agridem com palavras ou gestos, coisas boas não surgirão! Esse círculo vicioso poderia ser quebrado se um dos envolvidos fizesse o caminho inverso, focando na causa que originou o conflito, deixando de lado a competição da ação/reação. Se eles fossem entrar no mérito de quem estava certo ou errado, eles ficariam o dia todo discutindo e não chegariam a uma solução.
Agora reflita comigo, se Francisco, ao perceber que João estava invadindo a pista contrária momentaneamente, ao invés de buzinar, tivesse feito um sinal de positivo e continuado o seu trajeto, os dois teriam partido para as vias de fato?
E se João, ao perceber que a manobra foi arriscada tivesse imediatamente se desculpado com Francisco pelo ocorrido, eles teriam discutido?
Sempre há um outro caminho para percorrer, basta ter sabedoria e equilíbrio emocional para encontrá-lo, já dizia o antigo ditado: “se um não quer, dois não brigam!”
É necessário quebrar a espiral negativa de conflito, transformando possíveis problemas em conversas saudáveis e produtivas e lembre-se, aquilo que tira sua paz, não vale a pena ser discutido!